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DJI Mavic 2 Pro e Zoom, Compensa o Upgrade?
- 10 de outubro de 2018
- Postado por: DoctorDrone
- Categoria: DJI Drones DJI

Assim como todo lançamento da DJI, a chegada dos novos Mavic 2 Pro e Zoom causou furor mundo afora, os mais ansiosos já compraram prontamente seus novos drones, os mais cautelosos esperaram sair os primeiros reviews. Apesar da superioridade em relação a características técnicas da câmera, alguns fotógrafos e film makers demonstraram seu descontentamento em relação a qualidade de imagem, o que rendeu até uma resposta da DJI, no final desse artigo você pode saber mais sobre isso.
Características em Comum M2P/M2Z
Os algoritmos responsáveis pela parte de visão computacional que foram incorporados ao Mavic 2 são uma evolução que começou a ser testada no Mavic Air, onde obtiveram excelente desempenho, o voo tanto com o M2 quanto com o Air é mais estável que a linha Phantom ou Mavic 1 em baixa altura, há menos problemas com superfícies reflexivas, algumas coisas que o Phantom não “enxerga”, eles detectam e o APAS traz uma nova forma de pilotagem que pode deixar suave até mesmo o voo de um iniciante com poucas horas de bagagem.
A bateria dos novos Mavics é uma 4S, o que pode parecer à primeira vista um pequeno detalhe, mas diz muito a respeito da plataforma se aproximar da linha Phantom, motores de KV um pouco mais baixo, bateria com cerca de 2000mah a menos que a do P4 e praticamente o mesmo tempo de voo, devido ao peso menor (905g contra 1.38kg).
O sistema de transmissão é o OcuSync na sua versão 2.0, que se consagrou com o Mavic 1 e hoje equipa também o Phantom 4 Pro V2, deixando clara a intenção da DJI em abandonar o LightBridge, que reinou por um bom tempo em seus drones.
Os escs FOC (onda senoidal) e as hélices com “winglets” também são uma característica interessante do sistema propulsor para a redução de ruído e maior eficiência energética, o sistema já tinha sido testado no M1Platinum e no P4Pv2, em drones montados de alta performance (não, não estamos falando daquele F550 com Naza) os escs FOC já são comuns há mais tempo.
O novo Active Track também traz algumas inovações interessantes, como a preditividade dos trajetos, onde o drone continua o movimento na mesma velocidade quando o alvo é encoberto momentaneamente e recupera o alvo quando o objeto aparece novamente.
Mavic 2 Zoom
A versão Zoom conta com sensor de 1/2.3″, com distância focal variando de 24 até 48mm, o que equivale a um zoom óptico de até duas vezes, mais duas vezes no digital, muita atenção com o fato de ser o mesmo tamanho de sensor do Mavic 1 e não de 1 polegada como acontece no Mavic 2 Pro. A propaganda da DJI de fotos de 48MP refere-se a imagens processadas, 4 fotos que se fundem em uma, cada imagem tem apenas 12MP, como as imagens dos antecessores Mavic Pro 1 / Mavic Air ou P4 Standard. O fato é que com um sensor de 1 polegada e fotos de 20MP do Mavic 2 Pro, chega-se na pós praticamente ao equivalente do Zoom em 48mm realizando um crop, o que tornaria meio “sem lógica” a compra desse drone, mas então, para que o Zoom é bom?
– Necessidade de zoom em tempo real (ex. atividades de segurança privada ou pública);
– Dolly Zoom e Vertigo sem pós – esses efeitos podem ser conseguidos com técnicas de edição, mas nunca serão tão bons quanto realizados diretamente na câmera, seria igual você perguntar a um fotógrafo porque ele usa uma lente “tilt-shift”(miniaturização ou correção de perspectiva) de milhares de reais, quando em 15 minutos de Lightroom ele poderia conseguir efeito semelhante na pós utilizando uma lente comum.
Mavic 2 Pro
A promessa de imagens tão boas ou até mesmo superiores ao Phantom 4 Pro ou Advanced com a portabilidade característica que consagrou a linha Mavic, quem não quer? O sensor é de uma polegada, assim como nos Phantoms, mas com a grande diferença de ser o primeiro produto oriundo da aquisição pela Chinesa DJI da maioria acionária da Hasselblad, uma fabricante de câmeras com 77 anos de idade, que esbanja uma experiência que a DJI não tem e faz produtos de qualidade indubitável, o alinhamento da proposta de valor com o anseio dos consumidores é algo em que a DJI se esmera e nos surpreende em cada lançamento, no entanto, como trata-se de uma câmera nova e não a evolução de um modelo anterior, problemas ocorreram, o primeiro lançamento foi adiado pela DJI e chegou com atraso de um mês, e por falta de testes e ajustes (ou não), começaram a aparecer os primeiros problemas relativos à qualidade de imagem. É importante ressaltar que esses problemas nem são percebidos por usuários comuns, somente por profissionais com tempo de estrada ou pessoas com um olhar artístico mais apurado.
A crítica ao M2 que ficou mais famosa foi o vídeo do Cliff Totten aonde são realizadas comparações entre o M2 e seus antecessores, bem como com a linha Phantom, antes de comentar sobre esse vídeo, é importante entender alguns conceitos:
Pixel Binning
Pixel Binning é o processo de combinar a carga elétrica dos pixels adjacentes em um super-pixel, para aumentar o sinal para a taxa de ruído.
Normalmente, o binning acontece em grupos de quatro pixels que formam um quad, mas alguns sensores podem mesclar um bloco de até 4 × 4 pixels (16 pixels) em vez de 2 × 2 (4 pixels). Ao fazer isso, o sensor está aumentando a sensibilidade relativa em 4 (relação sinal / ruído), mas também reduzindo a resolução (espacial) em 4. Os pixels combinados às vezes são chamados de “super-pixels”.
O objetivo do binning é aumentar a relação sinal-ruído (SNR ou redução de ruído), uma métrica chave em aplicações analógicas (como sensores de imagem). Nas câmeras modernas, isso é particularmente útil para obter maior brilho em condições extremas de pouca luz.
Com menos ruído dos dados analógicos, a imagem pode ser submetida a níveis mais elevados de ganhos / amplificações durante a fase de pós-processamento.
Line-Skipping
O processo Line-Skipping se refere a ignorar linhas ou colunas de pixels ao ler a imagem. Ele é usado na maioria das DSLRs e câmeras mirrorless ao fazer um vídeo, pois o sensor / processador não é rápido o suficiente para obter o quadro inteiro a 30fps (ou qualquer que seja a taxa de quadros). A leitura de sensor total refere-se a não ter que pular linhas e fazer o quadro de vídeo a partir de toda a imagem. Isso pode trazer melhorias significativas na qualidade do vídeo (especialmente redução de ruído).
Ambarella
A Ambarella é desenvolvedora de soluções de compressão de vídeo de baixa potência, alta definição (HD) e Ultra HD, processamento de imagens e visão computacional. Os produtos da empresa são usados em uma variedade de câmeras de segurança IP, esportivas, drones e automotivas.
Ambarella H1 = Suporta codificação de vídeo 4K Ultra HD H.264 a 60 quadros por segundo para gravação de ação ao vivo de alta velocidade com recursos suaves de câmera lenta. Também suporta o novo padrão de vídeo H.265 / HEVC (Codificação de Vídeo de Alta Eficiência) para codificação 4K Ultra HD em até 30 quadros por segundo, proporcionando maior qualidade de imagem em taxas de bits mais baixas, uploads de vídeo mais rápidos e streaming de vídeo de maior resolução. Uma nova geração de Pipelines de Sensor de Imagem (ISP) com processamento de Alta Faixa Dinâmica (HDR) oferece vídeo de alta qualidade e fotos de alto megapixel, mesmo sob condições extremas de iluminação. O H1 também inclui Estabilização Eletrônica de Imagem avançada (EIS) para gravação de vídeo estável durante condições de movimento ventoso ou alto.
Ambarella H2 = Suporta H.265 de 10 bits (HEVC-10) e codificadores H.264 (AVC),
CPU ARM® Cortex ™ -A53 para análises avançadas, controle de vôo, Streaming WiFi e outros aplicativos de usuário. Segmentando a próxima geração de aplicativos de consumo, como drones conectados, câmeras esportivas e câmeras 360º (VR), o H2 suporta gravação 4K a 90fps ou equivalente com desempenho ao transmitir uma segunda resolução ao vivo do vídeo através de uma rede WiFi para pré-visualização.
Voltando ao vídeo do Cliff:
Resumo do Teste Mavic 2 DJI
O vídeo mostra que o FOV (campo de visão total) no Mavic 2 Pro em 4K é apenas um pouco melhor em resolução do que a versão 2.7K no mesmo drone. E que o vídeo 4K HQ do Mavic 2 Pro ainda está longe de ser tão bom quanto a filmagem do Phantom 4 Pro. A filmagem é mais suave e oferece menos detalhes e nitidez quando comparada ao Phantom 4 Pro. Cliff afirma que os dois drones usam o mesmo sensor de 1 polegada e que ambos usam o processador Ambarella H1. Talvez o Mavic 2 Pro use o processador Ambarella H2, ele sugere. Então, por que a drástica diferença de qualidade quando se trata de imagens de vídeo 4K?
O videomaker sugere que é por causa da DJI desejar criar uma diferença entre o Mavic 2 Pro e o Phantom 4 Pro V2.0 (ou até mesmo a futura série Phantom 5), o que seria uma característica técnica pautada em uma decisão de marketing. Ou, por causa do pequeno “case” da própria câmera, a DJI tinha que evitar que a câmera superaquecesse e, portanto, optou pela colocação de pixels ou saltos de linha (está aí o Line-Skipping !). Infelizmente, isso resultou em qualidade de vídeo degradada. Ele sugere que a questão do superaquecimento pode ter até mesmo desempenhado um papel no atraso do evento “See the Bigger Picture”.
A versão mais longa do vídeo leva cerca de 35 minutos para ser assistida e oferece mais detalhes do que essa postagem, portanto, convém assisti-lo na íntegra. No final do vídeo, Cliff aponta que ele não está destruindo o Mavic 2 Pro. Há muitas razões pelas quais você pode querer comprar (ou manter) o Mavic 2 Pro com seu sensor de 1 polegada. Por exemplo, o sensor maior ainda oferece melhor desempenho com pouca luz e o problema de resolução de vídeo 4K não afeta sua capacidade de tirar fotos incríveis.
Conclusões do Cliff Após os Testes
– Todos os drones DJI fornecem imagens muito boas. Incluindo o Mavic Air, o Mavic 2 Zoom & Pro e o Phantom 4 Pro;
– Eles oferecem boa faixa dinâmica, bom desempenho de ruído e resolução boa, o
Phantom 4 Pro ganha de todos os outros em clareza;
– O DJI Mavic Air, o Mavic 2 Zoom & Pro na visão ampla resolve quantidades similares de detalhes;
– Você obtém um pouco de resolução se você entrar no modo HQ no Mavic 2 Pro, mas o Phantom 4 Pro ainda o esmaga em relação a clareza e detalhes;
– O Mavic 2 Pro NÃO usa o sensor completo de 1 polegada no modo FOV ou HQ;
– O Mavic 2 Pro wide 4K e 2.7K são praticamente os mesmos em resolução;
Resposta da DJI
O Mavic 2 Pro usa um processador diferente do P4P e possui dois modos 4K, conforme indicado na página do produto, que são o modo FOV e o modo HQ. O modo FOV tem uma visão mais ampla, mas menos detalhes do que o modo HQ. O processamento de imagem do modo FOV requer sub amostragem bruta, que escala 5,5 K brutos em 4K bruto antes de alimentar o pipeline de processamento de imagem.
A subamostragem bruta é diferente do salto de linha; ele usa a área total (da porção 16: 9) do sensor de imagem, portanto a relação sinal-ruído é muito melhor do que o salto de linha. A subamostragem bruta também é diferente da categorização de pixels. É um processo de filtragem e amostragem otimizado que é muito mais avançado do que o mecanismo médio simples de categorização de pixels. A subamostragem bruta causa alguma perda nos mínimos detalhes. No entanto, isso não é tão visível em cenas reais (como filmagens aéreas) quanto em gráficos.
A DJI analisou muitas soluções para implementar o FOV e descobriu que o atual modo FOV é o melhor para o hardware do Mavic 2. Por favor, lembre-se que o Mavic 2 é um hardware extremamente complexo e compacto. A solução atual representa a melhor maneira possível de habilitar a filmagem usando a área FOV de sensor grande angular de 1 ”no hardware Mavic 2.”
Com essa resposta a DJI afirmou que não usa o line-skipping e sim subamostragem, utilizando sim, dessa forma, o tamanho inteiro do sensor. Vamos dar uma comparada nas especificações oficiais?
Mavic 2 Pro X Phantom 4 Pro
Começando com o 4K, que pouca gente utiliza na prática, mas todo mundo quer, o 4K do Mavic 2 não é tão 4K assim, tendo em vista que temos menos de 4000 pixels de largura:
4K: 3840×2160 – 24/25/30p
Já o Phantom 4 Pro é 4k de verdade:
4K: 4096×2160 -24/25/30/48/50p
Ponto para o Phantom, ambos podem utilizar o CODEC h265(maior qualidade e compressão, menos compatibilidade com players atuais, só use se você faz pós).
Modos de Cor:
Mavic 2 Pro: Dlog-M 10bits, HDR video (HLG 10bit)
Phantom 4 Pro: D-log 8bits (e a m3rd4 do Iso travado em 500 nesse caso)
Ponto para o Mavic 2, alías, esse item deveria valer 2 pontos, 2 bits é uma diferença muito grande nesse quesito, são 1 bilhão de cores do M2P contra 16 milhões do P4P.
Obturador:
Mavic 2 Pro: eletrônico 8 – 1/8000s
Phantom 4 Pro: mecânico 8 – 1/2000s
Ponto para o Phantom, menor probabilidade de distorções de perspectiva em alta velocidade, aqui temos um ponto de atenção para quem busca drone para fotogrametria.
Abertura do Obturador
Mavic 2 Pro: f2.8 até f11
Phantom 4 Pro: f2.8 até f11
Empate
Bitrate Máximo
Mavic 2 Pro: 100Mbps
Phantom 4 Pro: 100Mbps
Empate, no entanto, ambos em log, M2P vai estar gravando mais informações em relação ao alcance dinâmico maior.
Como veredito temos praticamente um empate técnico, quem vai sentir uma diferença maior são os profissionais que usam modos log e raw e sempre realizam pós, um usuário comum que usa perfis de cores da DJI e não realiza tratamentos, não vai estar utilizando todo o potencial do equipamento. No entanto, se pensar também nas questões relativas à portabilidade, controladora e sensores aprimorados e fírulas (hyperlapse automático / modos de selfies / etc) o M2P é a melhor escolha.
Se você vem de um modelo com sensor pequeno (Phantom 3 / Mavic 1 / Phantom 4 Standard / Inspire com X3) o upgrade compensa e você vai sentir uma grande diferença, se você já tem um Phantom 4 Pro ou Advanced, vai sentir pouca diferença e talvez compense esperar mais um pouco pelo Phantom 5.
Importante lembrar, que independente do drone utilizado, conhecimentos técnicos e artísticos aliados a experiência e habilidade é que irão produzir os melhores resultados, é tão comum aparecerem em redes sociais fotos fantásticas tomadas com um simples DJI Spark quanto é comum aparecerem vídeos horríveis feitos com um Phantom 4 Pro.